O Papel das Canções e Assobios nas Cerimônias de Ayahuasca

by Nandan   

O PAPEL DAS CANÇÕES E ASSOBIOS NAS CERIMÔNIAS DE AYAHUASCA

Durante um estudo de campo no Peru entre 1985 e 1986, WALTER ANDRITZKY teve a oportunidade de participar de quatro sessões de ayahuasca com o curador Felipe Urquia de uma aldeia chamada Sepahua. Ele é um membro dos índios Piro do leste do Peru.

Durante as sessões de ayahuasca, os cantos e assobios do xamã são formas de preparar suas visões e dos participantes.

As músicas promovem visões ou mirações, que estimulam padrões mentais e culturais, específicos e pré-existentes, que são divididas em temas e seguem uma seqüencia de ativação.

Stocks em 1979, chamou a música de “centro de controle das mirações”.

O canto induz a produção das mirações. A “marcha dos animais” podem conceder seus poderes e características a um caçador ou xamã.

Felipe conhece muitas músicas para evocar certas entidades espirituais, incluindo a canção do “pusanga” (a magia do amor), ou as canções do “icaro” que evocam os quatro médicos, a canção do gato preto, da cobra, da jaguatirica e outros (Dobkin de Rios 1972 ).

A música dos médicos faz com que as entidades apareçam e ajudem os ayahuasquero a remover a doença (ou o mal) e soprar a fumaça do tabaco sobre as partes afetadas do corpo.

Longos versos entre as palavras das canções são repletas de simples sílabas, como “nanananeioeiohe …” ou “tararareioeioe ….” essas sílabas sem sentido podem ser explicadas como imitações das canções de curandeiros de outros grupos etnolinguísticos cuja linguagem não é compreendida (Wistrand 1969). De fato, os ayahuasqueros freqüentemente participam das sessões de seus amigos (Taussig, 1980).

Uma das cerimônias de Felipe foi acompanhada por um xamã da tribo Yaminahua que cantou melodias muito simples em sua própria língua. Ele e Felipe se comunicaram em espanhol.
Halpern (1976) mencionou que as canções devem ser consideradas como propriedade privada de cada ayahuasquero e que as sílabas sem sentido são abreviações, palavras ou imitações de sons de animais.

Assobiar tem uma função semelhante com o cantar e serve para chamar os espíritos da natureza(Katz & Dobkin de Rios 1971).

Durante as grandes cerimônias com o “yaje” dos índios Tukano da Colômbia, o canto é acompanhado por flautas, tambores e danças, enquanto o xamã (pajé) canta os ritos de origem – como o da primeira mulher que emergiu da água, como os primeiros homens surgiram, como o mestre dos animais da selva apareceu, as onças, as cobras, a origem do mal e os espíritos da selva. Ouvem-se suas vozes, a música da época mitológica, vemos os ancestrais, a origem das cocares de penas, colares e instrumentos musicais. Vê-se tudo, a divisão dos grupos de etnias (clãs) e as flautas especiais de yurupari que falam sobre as leis da exogamia conjugal (Reichel-Dolmatoff, 1972).

Da mesma forma, o xamã dos índios Siona guia seus participantes em cerimônias coletivas através do mundo invisível. Então, podemos ver todos os espíritos representados nas pinturas de seus corpos, que são as mesmas pinturas das panelas e roupas dos Siona (Langdon, 1979).

Bellier (1986) encontrou três tipos de músicas entre os Mai Huna. A primeira é a canção da ilusão que descreve o estado da pessoa “intoxicada”. A segunda é a canção do poder que evoca os objetos de poder do Xamã e os animais de poder e a terceira é a canção da agressão que coloca essas forças em movimento.

 

FONTE:

Sociopsychotherapeutic Functions of Ayahuasca
Journal of Psychoactive Drugs
Walter Andritzky

 

IMAGEM DE PABLO AMARINGO

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